segunda-feira, 30 de maio de 2011

Os burros é que são felizes


Já dizia Raul: É pena não ser burro, assim não sofria tanto.
Se eu fosse burra e deixasse que as coisas acontecessem (ou não) e não percebesse, talvez eu seria um pouco mais feliz. Se eu não tivesse olhos de águia, ouvidos que captam qualquer som, coração que sente qualquer rejeição, uma memória de elefante que lembra (minuciosamente) de todas as palavras pronunciadas em todas as frases desde quando me entendo por gente e um cérebro que não funcionasse tããão depressa... talvez... talvez eu seria mais feliz. Mas não é assim. Eu sempre sei. Normalmente estou com a razão mas nunca me dão. Ninguém se lembra do que eu gosto de comer, do que eu gosto de ouvir, do que eu gosto de fazer ou do que eu vou sentir caso me ofendam. E eu sempre percebo tudo. Pesco no ar. Infelizmente não sou burra. Talvez um pouco toupeira. Mas burra, não!
Tem horas que eu até tento fingir ser. Mas meu coração é muito esperto pra acreditar e logo percebo que ele tá magoado. Coisas pequenas. Grandes. Médias. Em pedaços. Com alho e cebola. Sem direito de reclamar. Tudo isso me magoa bem no fundo.
A menor palavra que ouço faz meu cérebro transformá-la em uma frase que logo se transforma em texto e se a conversa rende demais fica maior que um livro e eu vou saber ele todo de cor e salteado. Sou assim.
Tenho sempre que ir atrás de onde todos vão. Fazer o que todos querem. Dizer o que querem ouvir. E esquecer que eu também tenho meus direitos. Faço muito pelos outros e, sei que é feio dizer, espero sempre alguma coisa em troca - que quase nunca vem.
Felizes são os burros, os malvados, os egoístas e os de memória fraca!

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