sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Uma salva de palmas para Vovó!


Não vou lhe dizer Adeus Vovó... vou lhe dizer até logo. Sei que você está longe da minha vista mas só está do outro lado do caminho aonde, um dia desses, eu também estarei.
AAAh minha vovó de gênio forte, carente e com um coração ENORME! Nunca ouvi a senhora dizendo NÃO! Sempre ajudou a todos da família, sempre deu força pra que a gente crescesse. A senhora foi sincera a vida toda. As vezes até demais. Mas assim a gente aprendeu a ouvir e aceitar verdades desconhecidas. Foi vendo a senhora e o vovô que aprendi a ser forte e a fazer pelos outros. Foi vendo vocês dois juntos por mais de 50 anos que percebi que o amor existe. Com todos os perrengues, mas existe. Eu sei que a senhora sempre falava mal dele, mas sei também que era dor de cotuvelo por ele ter ido pro outro caminho e ter deixado a senhora aqui. Foi depois de ele ter ido que (mesmo sem dizer) percebemos que a senhora se entregou. Deixou-se levar pela lei natural das coisas. Imagino o quanto deve ter sido difícil esses 6 anos sem ele. Não sei se eu conseguiria. Sempre quando me lembrar da senhora, Dona Petrina, baterei palmas. Abriu mão dos próprios sonhos e objetivos pra cuidar da família. A gente sempre soube disso.
A Senhora era carente. Achava que ninguém gostava da Senhora não sei por quê. Mas amamos. Amamos tanto que pedimos a Deus para deixar a Senhora descansar e encontrar a felicidade que merecia. Amamos tanto que, nem por um segundo, te abandonamos.
Eu te vi aos 45 do segundo tempo. Eu vi o seu fim tão de perto que desejei poder recomeçar tudo. Preferi não ver o restante do fim, pra me lembrar da senhora do jeito que era quando estava com a saúde boa.
Te aproveitei muito. Passei grande parte da minha vida com você e com o vovô. Meus pais. Meus mestres. Curti o máximo que pude.
A senhora me ensinou a jogar Buraco. A colocar água no copo grande quando for para visita. A misturar manteiga com margarina pra economizar. A fazer palavra cruzada (e olhar nas respostas quando ninguém estiver olhando - a senhora achava que eu não estava olhando né...rs). Me ensinou que é importante fazer coleção de alguma coisa (nunca conheci ninguém que colecionasse apontadores a não ser a Senhora). Me ensinou a fazer pipoca, a colorir as bordas do desenho primeiro e sempre no mesmo sentido pra ficar mais bonito, a pentear o cabelo com pente de osso porque brilha mais e sempre de baixo pra cima que é pra não doer, que banho demais faz mal pra pele (hahahahahahaha - mas esse eu não vou seguir), que o desenho do pica-pau era o mais engraçado, que se pode dormir e comer ao mesmo tempo (hahahaha), que assistir TV de perto faz mal pras vistas, que quando a senhora me via eu sempre estava magra demais, aprendi a escrever textos e poesia depois de ler pela primeira vez uma poesia sua, e você me emprestou o primeiro livro de poesias que eu li, só não aprendi uma coisa (e ninguém aprendeu): o segredo da sua canja de galinha.
Somos incrivelmente gratos por ter-nos dado a vida. Por nos ajudar nas horas de necessidade. E a você e ao Vovô por ter-nos inspirado a sermos o que somos.
A vida continua. A dor vai se transformando em saudade. E lhe dedico uma salva de palmas pela sua grandeza.

Te amaremos sempre.
Até logo minha Nona!

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